Alimentação pode fortalecer a imunidade?

A adoção da prática da alimentação adequada e saudável tem papel fundamental no desenvolvimento e manutenção do sistema imunológico.

Os nutrientes presentes nos alimentos podem impactar as células imunológicas de forma direta ou indireta, causando alterações em sua função ou podem exercer efeitos através de alterações no microbioma intestinal. Micronutrientes como os minerais zinco, selênio, ferro e cobre e as vitaminas A, C, D, E e complexo B são essenciais para uma resposta proliferativa bem-sucedida no sistema imunológico.

No contexto da pandemia da COVID-19, a recomendação nutricional, para população em geral, é adotar uma dieta diversificada e equilibrada, rica em frutas e vegetais coloridos, oferecendo suporte à função imunológica, por meio do aumento da ingestão de antioxidantes e nutrientes associados. Consumir alimentos fontes de proteínas, gorduras e carboidratos de boa qualidade e com moderação pode ajudar a manter o peso saudável, não sendo recomendadas restrições calóricas intensas nesse momento.

Embora não tenhamos, até o momento, conhecimento sobre os efeitos dos suplementos nutricionais sobre o risco ou a gravidade da COVID-19, estudos científicos sugerem que a suplementação de alguns nutrientes pode reduzir o risco ou a gravidade de algumas infecções virais, principalmente entre pessoas com consumo alimentar insuficiente.

Por este motivo, é fundamental a adequação da ingestão de vitaminas e minerais essenciais por meio da alimentação, podendo ser necessário utilizar suplementos nutricionais para correção de deficiências nutricionais, conforme recomendação médica e/ou nutricional. A utilização desses suplementos deve ser avaliada por médico ou nutricionista de forma individualizada e segura, pois a ingestão excessiva pode oferecer riscos à saúde.

No cenário atual de distanciamento social, onde a maioria da população se mantém em casa, especial atenção deve ser dada à vitamina D, pois a produção endógena desse micronutriente é estimulada na pele quando exposta à luz solar (raios ultravioleta – UVB). Por essa razão, recomenda-se obter mais vitamina D das fontes dietéticas (peixes, fígado, gema de ovo e alimentos enriquecidos como leite e iogurte), além de estimular a síntese endógena por meio da exposição solar da pele sempre que possível. Ainda assim a suplementação da vitamina D pode ser necessária para alguns indivíduos sob orientação de médico ou nutricionista.

Vale salientar que estratégias pontuais, como ingestão de “shots” (receitas com diferentes ingredientes que são tomados em um único gole) e alguns alimentos específicos que vêm sendo divulgados, principalmente em redes sociais, não possuem embasamento científico de forma isolada, mas podem ser inseridos dentro do contexto de uma alimentação saudável e balanceada.

*Texto elaborado por Milena Martins (Aluna do curso de graduação em Nutrição da UFRJ e Bolsista de Iniciação Científica do LANUTRI) e revisado pelas Nutricionistas do LANUTRI.

Referências consultadas:

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